Título original: “Singles”
Título sugerido: “Amor, Meu Grunge Amor”
Existe um fenômeno da linguagem que recentemente foi constatado: os nomes terapêuticos. Mais uma vez passeando pela videolocadora, passando o olho entre os infinitos títulos e BRIDGET FONDA!, encontrei um interessante. Cameron Crowe, de “Jerry Maguire”, “Vanilla Sky” e “Quase Famosos”, assina roteiro e direção de um filme que busca o caroço do coração contemporâneo: e consegue.
Justiça seja feita em dizer que o elenco do filme dá toda a sustentação que a história pede: Kyra Sedgwick como a ambientalista desiludida Linda em harmonia perfeita com o bom-moço de Campbell Scott, Matt Dillon milagrosamente não está irritante no papel do grunge-rocker Cliff, e Bridget Fonda segura sua onda com carisma no papel da apaixonada por baixa auto-estima Janet. A direção de atores é de uma pontualidade, que dá uma vontade de assistir todos os outros filmes que esse elenco já fez só pra comparar, sabe?
Vamos à história: um grupo de jovens adultos discorrem sobre seus últimos lances, no início dos anos 90 em Seattle, com o pano de fundo do surgimento do movimento grunge. Dividido em capítulos, os casais centrais interpretados por Kyra Sedgwick/Campbell Scott e Bridget Fonda/Matt Dillon, apresentam o panorama da vida amorosa de seus amigos e vizinhos, todos residentes num complexo de apartamentos para solteiros. Tratar solteirice como tema central de filme pode ser hiper clichê, mas quando é bem feito, a gente nem percebe.
Lado A: Kyra Sedgwick e Campbell Scott têm o envolvimento mais gracinha dos últimos tempos.
Lado B: As esquetes ilustrativas dos relatos são uma comédia à parte.
Resultado:
Cameron Crowe & Cia. conseguiram o feito de expressar com grandeza um assunto infinito numa esfera e roteiro finitos. A história se desenrola com tranquilidade, os atores estão super afiados em grande parte do filme, o elenco de apoio não deixa a história amornar e a divisão em capítulos funciona muito bem dentro do esquema das coisas. É um filme bem detalhista e cuidadoso dentro de sua simplicidade, e abre espaço para identificação imediata e inteligente com o público.
Com certeza algum panaca viu esse filme e teve a idéia para Friends.
Terapêutico.
Veredicto: 4/5 jóinhas.
Yours truly,
Woody Tarantovar.