Título original: “One Flew Over The Cuckoo’s Nest”
Título sugerido: “Jack Nicholson No País da Incoerência”
O tcheco Miloš Forman entra mais uma vez aqui no blog, mas dessa vez pela porta da frente. Responsável pela adaptação para cinema do romance homônimo de Ken Kesey, Miloš foi o primeiro diretor após um período de 40 anos a realizar um filme que abocanhasse os cinco principais Oscar, em 1975: filme, diretor, ator, atriz e roteiro. E não foi à toa.
Jack Nicholson encabeça o elenco formidável no papel de Randal MacMurphy, um homem condenado a dois meses de serviço social por ter transado com uma adolescente. Depois de pagar umas de maluco e encher o saco de todo mundo na fazenda onde cumpria pena, Mac é transferido para a ala psiquiátrica de um hospital. Chegando lá, ele acompanha a dinâmica de convivência dos seus colegas, que, na garoa da loucura, dormiram na chuva. Todos são excepcionalmente domesticados e domados pelo comportamento over-terapêutico da enfermeira Ratched, vivida por Louise Fletcher.
À medida que a história se desenrola, Mac percebe claramente o que acontece do lado mais fraco da corda e inicia uma atitude de contracultura dentro de sua ala. Tomado das dores dos outros, Mac tenta ajudar seus colegas a recobrar sua dignidade e sua voz ativa dentro do grupo, que inclui um gago reprimido, um coroa chorão, um agressivo desbocado e um chefe indígena que vem brincando de vaca amarela há algumas horas, entre outros. Danny DeVito e Christopher Lloyd entre eles – só pra constar.
Lado A: Danny DeVito como o atrapalhado Martini – quem negou um Oscar pra ele!?
Lado B: O paralelo muito bem construído entre etiqueta e sanidade.
Resultado:
Filmado em locação num hospital do Oregon onde se passa a história do livro, Miloš Forman alcançou com primor a integridade e alma dos personagens centrais. O filme passa como uma história 100% verossímil, e nem por isso menos fantasiosa. Além da crítica clássica ao sistema manicomial, existe uma camada muito forte de um debate existencial sobre vida em sociedade, e a relação entre submissão e autoridade. As duas horas e pouco de filme passam sem pressa graças também à maestria de Jack Nicholson no papel de Mac.
Dá até vontade de ter um ataque de nervos e quebrar tudo num supermercado só pra ver o que acontece.
Sabe?
Veredicto: 5/5 jóinhas.
Yours truly,
Woody Tarantovar.