Arquivo para 23 de dezembro de 2008

23
dez
08

“Maus Hábitos” (1983)

Título Original: “Entre Tinieblas”
Título Sugerido: “Santa Puta VHS”

Sem quebrar a cabeça dá pra perceber que um dos ícones de coração deste que vos fala é o espanhol Pedro Almodóvar. Este filme marca seu primeiro projeto sem preocupação comercial descarada; e como. Não sou muito fã de remakes, mas já adianto que uma refilmagem deste título pelo próprio Almodóvar seria um alívio aos pobres olhos que ainda venham a se deparar com a terrível fotografia videocassética dessa era-orçamento.

Uma seqüência hiper-chata do trânsito de fim-de-tarde em Madrid envolve os créditos de apresentação do filme. Tenham fé. HA!

Bom, a cantora de pardieiro Yolanda, conhecida por suas amigas como Xororó, é surpreendida pelo suicídio de seu namorado, enquanto dá uma mijadinha anti-higiênica no seu apartamento. Apavorada com a possível repercussão da história, busca refúgio num convento especializado em vagabundas. As irmãs e madres dão saltos de alegria, porque em se tratando de vagabundas, Yoyo é um prato cheio.

O Convento das Irmãs Humilhadas a recebe de braços abertos assim que Yoyo aceita o convite de passar um tempo com elas. Elas então se revelam sadomasôs de primeira-linha, defendendo a idéia de que o ser humano é a criação mais desprezível do Senhor, e que cabe a elas sofrer e amargar os piores castigos dos homens. Irmã Esterco, Irmã Perdida, Irmã Víbora e Irmã Rata-de-Bueiro, entre outras queridas, nos levam capela abaixo numa sacrossanta feijoada semiótica rumo à raiz de todos os pudores, ao som de música ruim, literatura baixa, tigres no jardim e tudo mais que Almodóvar teve tempo de enfiar no roteiro. Hallelujah!

Lado A: Irmã Perdida alimentando o tigre é pra acabar.
Lado B: As discussões e paralelos das irmãs na relação com seus desejos são riquíssimas.

Resultado:

Sempre tiro o chapéu pra filmes que têm tudo pra ser datados e conseguem ser intrinsicamente atemporais. A discussão religiosa que ninguém mais tem paciência de ter é retratada por possíveis impressões internas do assunto, e não tão inverossímeis quanto se pode imaginar. Pode ser lido como um interessante debate sobre a atração extrema dos opostos extremos, e das intermináveis releituras da sacralidade. Não tem lá tanto ritmo, e infelizmente o visual é limitadíssimo, o que torna praticamente impossível saber quem é quem entre as freiras. Uma delas é a Carmen Maura, viu?

Enfim, se a temática circula em torno de freiras descontroladas em busca da verdadeira alegria da vida, e Almodóvar já foi muito criticado por não destacar atores negros em seus filmes…

Whoopi Goldberg, dê Graças a Deus!

Veredicto: 3/5 jóinhas.
3/53/53/5

Yours truly,
Woody Tarantovar.




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